Acordei hoje tremendo
mas não estava frio
Era algo sobre vazio
que antes, não estava ali
E talvez, vi menos cores
Sem contraste:
percebi que faltava
E então desajeitado
Abracei,
calor inesperado
Paleta de cores corrigida
Ao te encontrar
Compor
Eu sou de compor com passos
Esquecer espaços, e me perder em laços
Que eu mesmo amarrei
A inocência persistente
É marca da loucura?
Ou presente,
Capaz de me fazer viver
Eu sou de compor memórias
Esquecer histórias
e me apaixonar por detalhes
Que eu mesmo criei
E esse choro recorrente
Pulsando no peito
Maldição ou benção?
Ou só função do querer
Insônia
Entre os sons da madrugada
Você é o soluço de triste de choro preso
É uma espécie de anti desejo
Que eu pedi pra não se realizar
Entre meu passos um tropeço
que nunca acaba
Que levou o equilíbrio
Enquanto ainda sonhava
Entre os doces delírios
Era sem tamanho
Entre tantas coisas
Foi momentâneo
Mas como um pesadelo
Eu não consigo parar
De te convidar pra entrar
E hoje sei
Que meus sonho ressoa
E sou outra pessoa
E meu nome nem deve fazer sentido
E hoje sei
Que mesmo não tendo esquecido
Não posso fazer mais nada
Além dessa poesia rasa
De criança machucada
Que não tem o que falar
Sonhos em Pompeia
Sopram ventos do passado
E sonhos costurados
Nas tramas do destino
Se mostraram frágeis
além de qualquer proteção
Que poderíamos ter dado
Mas se fechar meus olhos
Eu poderia alcançar
Mais um sorriso?
apenas um ruído
Do sons que fazíamos
Antes que avalanche viesse
E levasse o que conhecíamos?
E as marés do agora
Com correntezas fortes, afluentes
Me fazem seguir em frente
Sendo o que não seria,
e fazendo saber tudo que não sabia
Mas se fechar meus olhos
Poderíamos ter um segundo?
Apenas outra refeição
Um momento de calor
Que não fosse eminente erupção
A lavar nosso mundo
Meu de novo
Como caíram as correntes?
E como cessou o choro, noite
e o ranger de dentes?
Foi num outro laço?
Entre partes de espaço
E dor,
ou ilusão desfeita
aos pedaços no acordar
Como é possível que o nó da garganta
Agora ri e canta,
dizendo os mesmos versos,
que atravessaram machucando
Estaria eu outra vez
Me apaixonando?
Ou está tudo ao reverso
E é a vida que encanta
Pra que possa continuar andando
Pra que possa fazer canto
Onde esteja calmo e organizado
Como poesia num abraço
Fim do mundo
Meu mundo acabou
No meio do seu abraço
O silêncio abriu espaço
O tempo nos desmontou
Corpos entrelaçados
Riso que não ecoa
Palavra então que voa
Em sonhos despedaçados
Agora sigo só
Ouvindo minha voz
Dizendo agora sou eu
Onde antes era nós
Igne natura renovatur integra
Equilíbrio não é permanência
senão beleza da fragilidade,
combinação complexa de elementos
que relacionado ao tempo
Aparenta tranquilidade
Porém ao mínimo movimento
Pode deixar a inércia
Como forte trovoada
Desaba em chuva torrencial
Transforma a paisagem como lava
Como um veneno
Que corrói onde passa
Como o corte frio da faca
o beijo da deusa
de forma impiedosa
transforma ou mata,
Reafirmando a fórmula alquímica
“A natureza pelo fogo é renovada
Memória
Eu sou um poema guardado na gaveta
meia caída no canto do armário
caderno que não viu uma letra
VHS embolorado
Eu sou casa incompleta
Biblioteca cheia, empoeirada
Sonho sem significado
Música não escutada
Brinquedos esquecidos
Cadeiras quebradas
Todo discurso sem sentido
Uma inutilidade curiosa
Que serve pra ocupar espaço
E lembrar passado
Abstrato
Como escrevo o claro que quero
No escuro da tela ou vice e versa
Ato palavra e desejo de forma singela?
Ou golpeio o teclado até expressar?
Mas toda forma que faço,
Seja em sombra ou aço
É distração breve
Ou grande estardalhaço
Do que atrevo apenas:
sonhar
Fa’strelas
It’s such a waste to be wasted in the first place
I want to taste the taste of being face to face with common grace
To meditate on the warmest dream
And when I walk alone I listen to our secret themeYour solar eyes are like nothing I have ever seen
Somebody close that can see right through
I’d take a fall and you know that I’d do anything
I will for youRed Hot Chili Peppers – This Velvet Glove
Ouvi o som dos seus passos
Ou pensei ter ouvido
E por um momento toda a certeza
Deixou de fazer sentido
As janelas estavam abertas
E entrava junto com o Sol o vento
Na claridade tranquila
De um dia de domingo
As marés da vida fluindo
Sangue e suor,
Graça e desespero
São só parte do sorriso
Sem dentes do destino
Mas foi só o eco, ou sombra
De suas asas batendo
Que deixou claro como meu existir
É reflexo do seu pulsar
Senti o esbarrar do seu braço
ou foi delírio de um enlace?
que me deixou a chorar
com estaria sorrindo
pois não cabe nesse corpo pequeno
esse sentimento infinito